Pássaro guarda água nas penas por quilômetros para alimentar filhotes

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Água nas penas por quilômetros. Não se trata de nenhum pássaro enxarcado voando na tempestade, mas sim de uma espécie de ave africana garantindo a sobrevivência da espécie.

Estamos falando do perdiz-da-areia, especialmente do perdiz-da-areia de Namaqua. Eles absorvem e retêm água com tanta eficiência que podem voar mais de 20 quilômetros de um bebedouro distante de volta ao ninho.

O objetivo é reter água suficiente em suas penas para que os filhotes possam beber e se sustentar nos desertos escaldantes da Namíbia, Botswana e África do Sul.

Uma descoberta intrigante

O estudo desta espécie e do seu processo de retenção de água é do fim do século XIX. E.G.B. Meade-Waldo, que criava as aves em cativeiro, relatou a capacidade única de transporte de água das penas do perdiz-da-areia. No entanto, a comunidade não acreditou no seu relato.

Só em 1967, Tom Cade e Gordon MacLean relataram observações detalhadas dos pássaros em bebedouros, em um estudo que provou que o comportamento único era realmente real. Os cientistas descobriram que as aves podiam reter até 25ml de água em suas penas após vários mergulhos em que afogavam completamente as suas penas.

Durante a viagem de volta ao ninho, cerca de metade dessa quantidade pode evaporar. No entanto, o que chega é suficiente para garantir a sobrevivência, assim como o desenvolvimentos dos filhotes que só terão condições de alçar voo depois de um mês.

Avanço das pesquisas

De lá para cá, diversos cientistas produziram estudos sobre o tema e alguns conseguiram inferir uma imagem aproximada do funcionamento das penas, afinal como estas aves seriam capazes de reter tanta água? Foram as ferramentas de microscopia mais recentes que conseguiram desvendar este mistério.

Gibson e Mueller realizaram seu estudo usando microscopia eletrônica de varredura, microtomografia computadorizada e imagens de vídeo. Além disso, eles pegaram emprestadas as penas da barriga de Namaqua do Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard, que possui uma coleção de espécimes de cerca de 80% das aves do mundo. Só assim puderam ver imagens nunca antes vistas.

Como funcionam essas penas?

A partir das imagens conseguidas com o uso da microscopia, foi possível enxergar os detalhes estruturais únicos que permitem que as penas retenham água.

As penas das aves em geral têm uma haste central, da qual se estendem farpas menores e, a partir delas, bárbulas menores. No entanto, as penas dos perdizes-da-areia são estruturadas de maneira diferente.

Na zona interna da pena, as bárbulas têm uma estrutura de hélice próxima à sua base e depois uma extensão reta. Na zona externa da pena, as bárbulas são simplesmente retas. Ambas as partes não possuem os sulcos e ganchos que mantêm a palheta das penas de contorno unidas na maioria das outras aves.

Quando molhadas, as porções enroladas das bárbulas se desenrolam e giram para ficarem perpendiculares à palheta, produzindo uma densa floresta de fibras que podem reter a água por meio da ação capilar. Ao mesmo tempo, as bárbulas na zona externa se curvam para dentro, ajudando a reter a água.

“Tecnologia” pode ser útil em regiões desérticas

Os pesquisadores acreditam que o estudo pode levar a algumas aplicações úteis. Por exemplo, em regiões desérticas onde a água é escassa, mas nevoeiro e orvalho ocorrem regularmente, como no deserto do Atacama, no Chile, alguma adaptação dessa estrutura de penas pode ser incorporada aos sistemas de enormes redes usadas para coletar água. Por conseguinte, mais que levar água nas penas por quilômetros, as aves nos ensinaram formas de sobrevivência.

As descobertas foram divulgadas no Journal of the Royal Society Interface, em um artigo de Lorna Gibson, professora de Ciência e Engenharia de Materiais de Matoula S. Salapatas e professora de engenharia mecânica no MIT, e do professor Jochen Mueller, da Universidade Johns Hopkins.

Fonte da Informação: Site do MIT

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